cancel

 

3ª edição  Encontro Virtual do Grupo Arthromint3ª edição Encontro Virtual do Grupo Arthromint 

 

Saudades da paisagem, do balanço do barco, da odisséia de atracar na ilha em dias de tempestade. Vento, frio, dificuldade de conexão… nada disso mais importava. A nostalgia tomou conta da sessão de abertura da 3ª edição do Encontro Virtual do Grupo Arthromint. E não era pra menos, o evento transmitido pela internet, em 4 e 5 de agosto de 2021, aconteceu há exatos 2 anos da realização do último evento presencial, que teve como palco a paradisíaca e saudosa Ilha Grande| RJ.

 

 

 

Pra quem é experiente na área de estudo de parasitos ou vetores de patógenos de grande importância em saúde pública, as memórias foram além da Ilha Grande. O que surpreendeu muitos “arthromínticos” de primeira viagem, que não conheciam o histórico do evento, que teve o seu primeiro encontro em 1997, a partir de discussões entre pesquisadores e professores em um congresso da Sociedade Brasileira de Bioquímica (SBBq).  

Além do Rio de Janeiro (Arraial do Cabo e Ilha Grande), outros estados também sediaram o Encontro Anual do grupo, como São Paulo (Campinas e Ilha Bela) e Minas Gerais (Ouro Preto, Caxambú e Roças Novas). Em 2019, o Grupo Arthromint estava em seu 23º Encontro Anual. De lá pra cá esta contagem parou e só será reiniciada quando a pandemia de Covid-19  cessar.  24º Arthromint -  Ilha Grande, 201924º Arthromint - Ilha Grande, 2019

É necessário continuar resiliente e esperar, para que no ano que vem, possamos nos encontrar presencialmente” - ponderou a professora Andrea Fogaça (USP), que ao lado do professor Itabajara Vaz Júnior (UFRGS),  coordenou o grupo de trabalho que organizou esta terceira edição virtual do evento, que também contou com a colaboração de Daniele Pereira de Castro e Emerson de Avelar. 

Para a realização desta terceira edição online, o evento, promovido por membros do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular (INCT-EM), contou com o apoio da Fundação de Amparo à pesquisa do Estado de Rio de Janeiro (FAPERJ)  e as inscrições permaneceram gratuitas. A Comissão Organizadora, como de costume em edições virtuais anteriores, estimulou a doações. Desta vez o evento apoiou o Movimento Panela Cheia, em busca de arrecadar recursos para a compra de cestas básicas para pessoas em situação de vulnerabilidade. Site para doar: < www.panelacheiasalva.com.br>

 

 

Dois dias de intensa programação online

 Em 2021, o evento teve 109 inscritos. Um número bem próximo da edição virtual anterior, realizada no segundo semestre de 2020. “O que mostra que as edições virtuais estão tendo sucesso e sendo uma ótima ferramenta para integrar pesquisadores, em um momento em que não é possível fazer reuniões presenciais” - observou Andrea Fogaça, que ressaltou nesta edição a alta proporção de profissionais inscritos, sendo 29% deles docentes e 4%, pesquisadores.

Dividida em dois dias, a programação do Encontro Virtual do Grupo Arthromint contou com as palestras dos Drs. Alejandro Cabezas-Cruz do National Research Institute for Agriculture, Food & Environment – França e Ana Beatriz Barletta Ferreira do National Institutes of Health – EUA. Além de duas sessões de mesas aleatórias e uma sessão de mesas temáticas.  Devido a pandemia e a necessidade de isolamento social, as tradicionais rodas de conversa “pé na areia” do Arthormint foram substituídas pelos papos virtuais através das janelinhas do zoom, meet, teams e youtube. 

O evento, conhecido por sua metodologia de apresentação de trabalhos científicos que favorece a interação entre estudantes e pesquisadores, contou com 7 mesas temáticas, em áreas de conhecimentos bem distintas entre si. Os coordenadores das mesas trouxeram questões chaves de cada assunto para discutir e tiveram plena liberdade para decidir como iriam conduzir os debates virtuais, que duraram, em média, 3 horas.

Mesas aleatórias promovem discussões informais entre estudantes e pesquisadoresMesas aleatórias promovem discussões informais entre estudantes e pesquisadores

 

Compostas por participantes agrupados de forma aleatória - como o próprio nome já diz -  as mesas aleatórias ocuparam a programação da parte da tarde, dos dois dias de evento, apresentando trabalhos inscritos por estudantes de diferentes categorias, da graduação a pós-graduação. 

Sempre coordenadas por pelo menos um pesquisador sênior e com um número restrito de participantes (cerca de 4 estudantes), o caráter informal das mesas aleatórias favoreceram o intercâmbio científico. Neste ambiente acolhedor, os participantes puderam compartilhar não só os resultados de trabalhos bem sucedidos, como também as dificuldades enfrentadas durante a sua pesquisa, principalmente durante a pandemia. 

 

 

 

 Gravações das palestras estão disponíveis no canal “Arthromint” no youtube

 Carrapatos e mosquitos, respectivamente. A parte da manhã, do primeiro dia do evento, transmitiu ao vivo pelo youtube duas palestras de temas de grande interesse para os “arthorminticos”. A apresentação  do Dr. Alejandro Cabezas-Cruz, da França,  abordou o estado da arte das vacinas anti-microbiota de carrapatos. E a palestra da pesquisadora brasileira, Ana Beatriz Barletta, que investiga a imunidade de insetos desde a iniciação cientifica e tem artigos com uma importante contribuição na área, apresentou estudos que buscam desvendar como os mosquitos lidam e se livram dos parasitas.

Interessante observar que os dois palestrantes têm relação bastante forte com o Brasil e com o Arhtromint. Cabezas, em seu mestrado em parasitologia, foi co-orientado pela Dra. Lygia Passos, da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais (UFRJ) - apesar de nunca ter vindo ao País - e Ana Beatriz é “prata da casa” do Arthromint, tendo participado do evento em toda a sua formação acadêmica até ir fazer pós-doc no NIH, em Bethesda, EUA. Segundo Ana Beatriz, o Arthromint foi muito importante em sua formação profissional e o seu formato inovador está inspirando eventos no exterior.

A gravação das palestras estão disponíveis no canal do Arthromint no youtube:  https://youtu.be/vXbSFIX2A6Y

 

 

 

 

 Alejandro Cabezas-Cruz (National Research Institute for Agriculture, Food & Environment, Paris, France)

Titulo original: “Anti-tick microbiota vaccines, the future of ticks and tick-borne pathogens control?”

 

 

 

 

 

 

 

 

Ana Beatriz Barletta Ferreira (National Institutes of Health, Bethesda, Estados Unidos)

Titulo original: How to get rid of a parasite: Innate immune responses in Anopheles mosquitoes

 

 

 

 

Por Lucia Beatriz Torres - jornalista e assessora de comunicação do INCT-EM 

 

 

 

 

 

 

Até o dia 01 de setembro de 2021 estão abertas as inscrições para uma vaga pós-doc em Biologia Celular, na República Tcheca. A posição é para pesquisar no Laboratório de Helmintologia Funcional, do  Instituto de Parasitologia da Academia Tcheca de Ciências (Czech Academy of Sciences). O  salário bruto mensal previsto é de 1.300 euros, com contrato inicialmente limitado a 1 ano, com início em outubro de 2021.Cabe ressaltar que a vaga por ser em um  tema de pesquisa inédito e ainda inexplorado, abre a possibilidade para jovens pesquisadores publicarem em periódicos de grande repercussão. Leia a Chamada oficial para a vaga

 

 

O Laboratório de Helmintologia Funcional ( The laboratory of Functional Helminthology)  é um laboratório recentemente estabelecido dentro do Instituto de Parasitologia que busca indivíduos altamente motivados, criativos e com pensamento inovador. O foco principal da pesquisa é a interação entre os nematóides e seus diferentes tipos de hospedeiros (paratênicos, acidentais, hospedeiros finais) guiados pelos produtos excretores e secretores dos nematóides, bem como o desenvolvimento de culturas de células primárias de nematoides para modelagem dessas interações . O parasita modelo é o nematóide zoonótico Anisakis pegreffii. O laboratório opera em uma base verdadeiramente multidisciplinar e envolve cultura de células, genômica funcional e proteômica, análise estrutural, bioinformática e fisiologia. Tem acesso a microscopia eletrônica de ponta e facilidade de proteômica. 

O Instituto de Parasitologia é um dos maiores centros europeus de pesquisa parasitológica e oferece todas as instalações de ponta necessárias para realizar um repertório multidisciplinar de métodos, possibilitando estudos sobre as interações parasita-hospedeiro no organismo, celular e nível molecular. O instituto está localizado em České Budějovice, a capital da Boêmia do Sul conhecida por sua cerveja Budweiser (Budvar) original. A cidade histórica é cercada por outras belas cidades, incluindo o patrimônio da UNESCO Český Krumlov e Holašovice, e a natureza intocada do Parque Nacional da Floresta Boêmia.

 

Requisitos e qualificações desejadas

• Doutor em biologia, medicina, medicina veterinária ou similar, com experiência em biologia celular, mecanismos de reparo de DNA e / ou ciclo celular (não anterior a 2017)

• Experiência em análise de dados de transcriptômica, proteômica, metabolômica

• Experiência no trabalho com culturas de células primárias e linhas de células padrão

• Experiência em otimização, configuração e validação de protocolos

• Experiência em técnicas de microscopia padrão (fluorescência, confocal, microscopia eletrônica)

 

COMO APLICAR

 

1) Carta de apresentação informando em uma página suas tarefas e habilidades de pesquisa anteriores

2) CV

3) Cópia do diploma de doutorado

4) Pelo menos 4 contatos ​com os quais você trabalhou desde o seu doutorado

5) Lista de publicações

 

Link de inscrições: https://jobs.bc.cas.cz/en/detail/72

Prazo de Inscrições:   1 de setembro de 2021. 

 

Para tirar dúvidas ou solicitar informações adicionais sobre a vaga, envie um e-mail com o assunto "POSTDOCTORAL SCIENTIST IN CELL BIOLOGY" para a Dra. Ivona Mladineo - email: ivona.mladineo@paru.cas.cz

 

 

 

 

 

Em recente estudo publicado na revista PLoS Biology (1) pesquisadores demonstraram que a nitisinona, medicamento usado para tratar uma doença genética rara, seria capaz de matar insetos que se alimentam de sangue, enquanto deixa os insetos polarizadores ilesos. O estudo comprovou em laboratório que a nitisinona interrompe a transmissão de tripanossomas pelas moscas tsé-tsé, que causam a doença do sono em humanos e a tripanossomíase africana, em animais. A partir desta descoberta acredita-se que nitisinona também possua potencial para impedir a transmissão de parasitas mortais por outros insetos que se alimentam de sangue, como pulgas, carrapatos e mosquitos.

O estudo foi realizado pela Liverpool School of Tropical Medicine, Reino Unido,  junto a uma equipe internacional de pesquisadores coordenada pelo biólogo sênior Álvaro Acosta-Serrano. A inspiração para o desenvolvimento  da pesquisa se deu  quando o co-autor do estudo, Marcos Sterkel, biólogo vetorial da Universidad Nacional de La Plata, na Argentina. descobriu, durante o seu pós-doutorado no laboratório do Profº. Pedro Lagerblad Oliveira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que se alimentasse mosquitos ou percevejos com nitisinona, eles morreriam. Enquanto que os insetos, não alimentadores de sangue, como as abelhas, alimentados com a mesma droga ficavam completamente bem.

Originalmente desenvolvida como um herbicida, a nitisinona inibe a segunda enzima na via de degradação da tirosina, que quebra o aminoácido tirosina em moléculas que podem ser usadas pelo corpo. Os  insetos alimentadores de sangue ingerem uma grande quantidade de sangue em cada refeição. Como o sangue contém grandes quantidades de proteínas, que são compostas de aminoácidos incluindo a tirosina, estas devem ser quebradas e digeridas. 

Sterkel pensou que talvez bloquear a digestão da tirosina com nitisinona pudesse matar as moscas antes que estas transmitissem os parasitas que carregam para mais pessoas ou animais. Os pesquisadores descobriram que se eles derrubassem a expressão de qualquer uma das duas primeiras enzimas, na via do metabolismo da tirosina, as moscas tsé-tsé morriam ao se alimentarem de sangue. Os estudos demonstraram que não importava se as moscas ingeriam nitisinona ou roçavam a cutícula na substância, quando iam fazer a próxima refeição de sangue, ficavam paralisadas e sem conseguir se livrar de seus excrementos, morriam.

 

Proximos passos do estudo

Embora a nitisinona seja muito eficaz em matar as moscas tsé-tsé no laboratório, será importante determinar se a dose que ingerem de sangue humano ou animal é suficiente para matá-las no campo. A nitisinona ainda não foi testada em pessoas ou animais em regiões onde vivem as moscas tsé-tsé, mas os pesquisadores esperam fazer esses estudos em breve. Os resultados de sua modelagem sugerem que administrar doses mensais de nitisinona a pessoas e animais em regiões endêmicas da mosca tsé-tsé  pode reduzir significativamente a transmissão do parasita. 

Outra estratégia a ser comprovada seria a pulverização da droga na barriga de animais de rebanho, como vacas, para ter como alvo outros alimentadores de sangue que estão presos à vaca como carrapatos e moscas.  Adicionar nitisinona aos mosquiteiros para atingir os mosquitos resistentes aos inseticidas poderia ser um outro caminho para evitar a transmissão de parasitas vetores de doenças mortais. 

Quando os pesquisadores alimentaram abelhas com água com açúcar suplementada com nitisinona, as abelhas sobreviveram tanto quanto as abelhas não tratadas. Embora esses resultados sejam promissores, os pesquisadores querem testar se a nitisinona tem algum efeito na capacidade reprodutiva das abelhas também.

A doença do sono em humanos foi quase eliminada devido ao monitoramento cuidadoso da doença e intervenções terapêuticas direcionadas. No entanto, a tripanossomíase animal continua a ser um problema na África Subsaariana pois há muita resistência aos medicamentos e ainda indisponibilidade de vacinas para evitá-la. 

  

Referência:

  1. Sterkel, M. et al. Repurposing the orphan drug nitisinone to control the transmission of African trypanosomiasis. PLoS Biol 19, e3000796 (2021).

 

Link  para acessar o artigo:

https://journals.plos.org/plosbiology/article?id=10.1371/journal.pbio.3000796

 

Por Lúcia Beatriz Torres, jornalista de Ciência, INCT-EM,  com informações da Drug Discovery News , publicada em 01 maio de 2021.

https://www.drugdiscoverynews.com/scientists-re-purpose-an-orphan-drug-to-kill-blood-feeding-tsetse-flies-15163

 

 

 

 

 

 

O Encontro Anual do Grupo Arthromint de 2021 será realizado novamente de forma virtual, nos dias 04 e 05 de agosto. O evento recebe inscrições de trabalhos até o dia 20 de julho. Em sua 3a edição, o evento online contará com as palestras dos Drs. Alejandro Cabezas-Cruz do National Research Institute for Agriculture, Food & Environment – França e Ana Beatriz Barletta Ferreira do National Institutes of Health – EUA.

A programacao contemplará duas sessões de mesas aleatórias e uma sessão de mesas temáticas. As mesas temáticas serão organizadas por pesquisadores que coordenarão uma discussão em um assunto específico. 

Acesse o programação do evento em: https://sbpz.org.br/arthromint

 

 

 Inscrição de trabalhos

Devido à pandemia de covid-19, pesquisadores poderão apresentar dados que já apresentaram em outros encontros (científicos ou do grupo arthromint), pois estarão em mesas aleatórias novas e poderão ouvir novas opiniões/sugestões sobre o seu trabalho, as quais serão úteis para quando puder voltar ao trabalho em tempo integral no laboratório.

No ato da inscrição, cada aluno ou pós-doc deverá submeter um resumo do trabalho a ser apresentado no evento conforme o modelo solicitado: O resumo deverá conter: título, autores, filiação institucional, resumo, palavras chave e apoio financeiro.

Utilizar fonte Times New Roman, tamanho 12, ocupando no máximo uma página A4. Título e autores em negrito. Sublinhar o autor que irá apresentar o resumo nas mesas aleatórias. Resumo contendo no máximo 2500 caracteres com espaços. Salvar em formato .doc, .docx ou .rtf. (não enviar em pdf). Indicar em que área seu resumo mais se adequa (Bioquímica, Controle, Fisiologia, Ecologia, Microbiota, Imunidade…).

Para as mesas aleatórias, cada estudante ou pós-doc deverá preparar uma apresentação no Power Point (5-6 slides) com uma breve introdução do seu projeto, bem como o conjunto de resultados/conclusões a ser discutido. As mesas aleatórias serão realizadas por videoconferências criadas e coordenadas por 1-2 pesquisadores via plataformas como Google Meets, Webconf, Zoom, etc.

Veja as instruções completas  pra inscrever trabalhos no link: https://sbpz.org.br/arthromint/?page_id=20

Prazo até 20 de julho 2021

 

XXIV Encontro – Presencial

Os organizaodres do Encontro do Grupo Arthomint acreditam que, em 2022, com toda a população vacinada, será possível voltar para Ilha Grande e realizar o  XXIVº Encontro em seu tradicional formato presencial. Até lá o grupo irá seguir com  em suas edições virtuais, torcendo para que a vacinação avance de forma rápida para toda a população.

 

Relembre edições passadas do evento

 

Ciência pé na areia no Arthromint 2019

http://www.inctem.bioqmed.ufrj.br/index.php/pt/destaques/noticias/2931-ciencia-pe-na-areia

 

Grupo Arthromint promove Encontro Virtual em 2020

http://www.inctem.bioqmed.ufrj.br/index.php/pt/destaques/noticias/3027-grupo-arthromint-promove-encontro-virtual-em-2020

 

Grupo Arthromint realiza 2ª edição do seu Encontro Virtual 2020

http://www.inctem.bioqmed.ufrj.br/index.php/pt/destaques/noticias/3075-grupo-arthromint-realiza-2-edicao-do-seu-encontro-virtual-2020

 

 

 

 O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu, recentemente, a primeira patente verde da Universidade Federal Fluminense (UFF).  A patente descreve e protege o uso, por 20 anos, de um processo inovador para a obtenção de um composto bioinseticida, produzido a partir da conversão termoquímica do fruto do licuri. A invenção se deu no Laboratório de Estudos em Pragas e Parasitos (LEPP) da UFF,  resultado dos estudos coordenados pela Profª. Evelize Folly das Chagas, pesquisadora associada ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular (INCT-EM). Leia o documento oficial de concessão da patente verde.

O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) concedeu, recentemente, a primeira patente verde da Universidade Federal Fluminense (UFF).  A patente descreve e protege o uso, por 20 anos, de um processo inovador para a obtenção de um composto bioinseticida, produzido a partir da conversão termoquímica do fruto do licuri. A invenção se deu no Laboratório de Estudos em Pragas e Parasitos (LEPP) da UFF,  resultado dos estudos coordenados pela Profª. Evelize Folly das Chagas, pesquisadora associada ao Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Entomologia Molecular (INCT-EM). Leia o documento oficial de concessão da patente verde.

As patentes verdes enquadram inventos que têm o potencial de impactar positivamente na reversão das mudanças climáticas. Esta modalidade de patente possibilita a identificação de novas tecnologias, dentro do desenvolvimento limpo e sustentável, que possam ser rapidamente utilizadas pela sociedade, incentivando a inovação no País. Em média, o processo de obtenção de uma patente comum pode chegar a se estender por mais de dez anos. Todavia, com as patentes verdes, o tempo de obtenção das patentes pode ser acelerado em até 90%. A patente da UFF foi depositada* em abril de 2019 e levou pouco menos de dois anos para ser expedida.

Residuos do processamento do fruto do Licuri podem se transformar em  bioinseticidasResiduos do processamento do fruto do Licuri podem se transformar em bioinseticidas

"Espero que esse trabalho pioneiro na UFF seja inspiração para que vários outros grupos pensem em reaproveitamento de recursos, antes colocados como simples resíduos, transformando esses em matéria prima de produtos inovadores para o nosso Pais. Nesta patente usamos os resíduos (rejeitos) do processamento do fruto do licuri, transformando-os em um produto viável economicamente para aplicação no controle de pragas, dentro de uma perfeita economia circular” - explicou a Profª Evelize Folly.

A tecnologia verde  patenteada, além de ser um método eficiente para a produção limpa de um bioinseticida, colabora também para o gerenciamento sustentável de resíduos do processamento do fruto do licuri. Uma invenção que contribui para melhorar toda a cadeia de produção do cultivo do fruto. 

O licuri (Syagrus coronata), também conhecido como ouricuri, é o nome do fruto de uma palmeira endêmica da Caatinga brasileira.  Um coquinho de grande valor proteico usado na cozinha do sertão, que tem despertado grande interesse da indústria de cosméticos. 

 

Pirólise para reciclagem de resíduos

 

A primeira patente verde da UFF descreve a obtenção de um bioproduto, a partir da conversão termoquímica, por processo de pirólise. O processo de pirólise pode ser usado para reciclagem de resíduos de várias origens. 

“No nosso laboratório sempre buscamos avaliar novas drogas, menos poluentes, de acordo com as normas de desenvolvimento limpo e sustentável, para controle de pragas, parasitos e patogenias de importância econômica na agropecuária. Dentro destes objetivos procuramos construir uma equipe multidisciplinar, onde nos últimos anos pesquisamos produtos de origem em rejeitos/resíduos (biomassas) de processos agropecuários e industriais” - explicou a pesquisadora que, desde 2014, colabora com o grupo do professor Gilberto Romeiro do Instituto de Química da UFF, que possui larga experiência em conversões termoquímicas, por pirólise. 

Segundo Evelize Folly o processo de pirólise é usado por longa data e seu funcionamento é basicamente simples: coloca-se biomassas (de origens distintas), em ausência de oxigênio, com variações de temperatura de 300 a 100 graus Celcius, e o resultado dessa conversão são 4 produtos: carvão, gás, bio-óleo e água. A pesquisadora explica que o bio-óleo e o gás já eram muito usados em pesquisas na produção de energia. O carvão, na adubação. E a fração considerada aquosa era jogada fora, pois não viam utilização. 

 “Quando iniciamos nossa parceria com o Profº Gilberto Romeiro passamos a trabalhar com essas águas de pirólise, tentando identificar novas utilizações e efeitos. E após testes, com biomassas distintas e alterações no processo, chegamos a excelentes atividades contra pragas de importância econômica na agropecuária” - contou a pesquisadora, que com a colaboração, já identificou vários produtos para controle de carrapato bovino, insetos pragas de grãos armazenados e praga avícola. Em breve, o  grupo da Profª Evelize Folly dará inicio à submissão da próxima patente verde, um bioacaricida. E esta nova tecnologia tente a ser revelada à sociedade de foma mais ágil por seu uma tecnologia verde.  

 

 

 

PROCESSO PARA OBTENÇÃO DE UMA COMPOSIÇÃO BIOINSETICIDA

O que a patente protege?

1- Novo processo de conversão termoquímica (pirólise), onde foi adaptado o processo da coleta fracionada, e com isso potencializado o seu efeito. 

2- Efeito dessas frações como bioinseticida contra uma praga avícula, o "Alphitobius diaperinus"  e duas pragas de grãos armazenados, o "Rhyzopertha dominica" e o "Tribolium castaneum”.

 Acesse aqui o documento oficial na integra.

* A patente foi depositada no dia 11/04/2019 e concedida pelo INPI no dia 30/03/2021.

 

 

Por Lúcia Beatriz Torres (jornalista de Ciência do INCT-EM)

 

 

 

Topo